Quem poderia amar uma Fera?



O filme “A Bela e a Fera” traz para as telas as temáticas de beleza e importância do amor.
A beleza não é o que mais importa:
O príncipe, que será transformado em Fera, representa uma característica corriqueira na sociedade - os seres bonitos exteriormente, mas que na alma não têm o mínimo de beleza. Milenarmente, as pessoas têm uma tendência a buscar alcançar os esteriótipos determinados pela civilização, visando admiração e destaque. Desta forma, almejam a perfeição física e fazem esforços para alcançá-la. Isto é relevante, mas faz com que a maioria delas se esqueça que a verdadeira beleza provém da alma.
O amor pode mudar as pessoas:
Dando continuidade ao filme, não muito distante do reino, vivia uma linda e intelectual menina chamada Bela que, por consequências do destino, acaba indo parar no castelo de Fera, tornando-se sua prisioneira. Bela percebe então, que por trás da aparência assustadora de Fera – a tradução do seu interior antes de conhecê-la -, se esconde um coração capaz de amar; e este, por sua vez, aprende o verdadeiro valor do amor e quebra o feitiço. Este é um dos principais pontos do filme, já que demonstra que, enxergando a beleza interior das pessoas, o exterior passa para o segundo plano. Esta não é uma transposição tão explícita da realidade, pois nem sempre o amor, o caráter e a virtude sobressaem à beleza física ou a outros interesses; mas auxilia na compreensão, por parte dos espectadores, a respeito de um dos valores mais importantes da vida, servindo-lhes como um ensinamento.
A diferença incomoda:
Um aspecto presente na vida cotidiana e retratado na história é a tagarelice e as típicas vizinhas fofoqueiras, que crucificam e fazem comentários maldosos a respeito da vida daqueles os quais os hábitos fogem ao padrão. Bela, a jovem apaixonada por livros, é vítima dos julgamentos da vizinhança e vista como esquisita pelas outras pessoas, apenas por ter o hábito de ler, o que não era muito aconselhável para as garotas, pois poderia incentivá-las a ter ideias, a pensar e a querer mudar a sua situação submissa aos homens. Quando Bela vai até a livraria, a aldeia canta:
Essa garota é muito esquisita. O que será que há com ela? Sonhadora criatura. Tem mania de leitura. É um enigma para nós a nossa Bela. (...) O nome dela quer dizer beleza. Não há melhor nome pra ela. Mas por trás dessa fachada, ela é muito fechada. Ela é metida a inteligente, não se parece com a gente é uma moça diferente a Bela. (A BELA E A FERA. 1991).
O ciúme doentio:
Não obstante, existe a figura de Gastão, personagem pretensioso e desejado por todas as mulheres das redondezas, exceto por Bela, por quem tem uma obsessão incontrolável. Quando se vê rejeitado pela jovem, se deixa dominar pelo ciúme e pela fúria. Este é um aspecto muito recorrente na sociedade, pois são muitas as pessoas que possuem esse sentimento agressivo e possessivo, tão prejudicial a qualquer relacionamento. Assim como o personagem Gastão, algumas pessoas se deixam levar por esse sentimento doentio e conseguem destruir a felicidade dos outros ou a própria vida:

O ciúme doentio denota que o indivíduo não confia em si, é inseguro, mas, ao mesmo tempo, considera-se dono da verdade. Não se importa com os sentimentos dos outros, provando assim que possui um desequilíbrio, às vezes baseado na rejeição. (IZZO, Maria Helena Brito, 2009, p. 52).
Enfim, as temáticas do filme “A Bela e a Fera” são adaptáveis por todas as culturas de acordo com o seu tempo, já que por mais antiga que seja a produção, a moral de sua história é atemporal. Além de mostrar a força transformadora do amor, o filme ensina as pessoas a olharem além das aparências e do materialismo, comprovando alguns ditados populares como “quem vê cara não vê coração” e “as aparências enganam”.
O clássico, considerado uma das histórias românticas mais populares que o mundo já conheceu, ensina que a verdadeira beleza está dentro de todos nós e que só o amor constrói.